AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Quando falamos em educação, compreendemos esse como um campo novo, permeado de sensações e inquietações, que através dos olhares atentos do professor, passará a se tornar um caminho recheado de novas descobertas e grandes desafios por parte do aluno.

O professor, como personagem principal dessa jornada chamada educação, terá como missão ensinar. Ensinar para conhecer, para pensar e para ser. Em outras palavras, o professor será para o aluno, alguém que lhe dará identidade no mundo e para o mundo, tudo isso, através de atos e ações que muitas vezes passam despercebidos no âmbito escolar, estamos falando da afetividade. A afetividade é um ingrediente importante na relação professor-aluno quando o objetivo é aprender.  Ao falar das emoções no processo de aprendizagem, Tordin aponta para algo preocupante:

“As emoções são excluídas desse processo, são consideradas como perturbadoras do pensamento científico. Esta transmissão de conhecimentos exclui o sujeito em si, as suas ideologias, suas características pessoais, sua posição social, suas crenças e o impede de se sentir participante do processo de ensino-aprendizagem”. (Tordin, 2016, p.18-19).

Com essa afirmação, podemos pontuar que a falta de afetividade entre professor-aluno possa ser uma das explicações para a desmotivação em aprender e realizar atividades em sala de aula, assim como para os casos de dificuldade e transtornos de aprendizagem, comumente rotulados e diagnosticados precocemente e sem nenhum amparo científico pelo meio escolar.

No trabalho de Tordin (2016, p.27) a autora coloca uma reflexão importante para as dificuldades e/ou transtornos de aprendizagem, segundo ela:

Alguns estudos recentes destacam a relação entre o aspecto cognitivo com o emocional, sendo necessária uma disposição afetiva para a aprendizagem. Esta disposição é manifestada por atitudes, interesse e confiança nas capacidades cognitivas, para que assim, o aluno alcance o melhor desempenho.

Nesses casos, em especial, ressalta-se ainda mais a importância que a afetividade tem na vida escolar de crianças e adolescentes, pois os artigos pesquisados, reforçam a questão da aprendizagem, como sendo marcada, a partir do processo de empatia entre professor-aluno.

Embora várias trabalhos e pesquisas acadêmicas já tenham se debruçado na questão da afetividade nos processos de ensino-aprendizagem, este tema continua sendo o grande desafio contemporâneo para a educação, conforme citam os autores Silva e Neris (2016) já no título do seu trabalho. Para esses autores, teóricos da psicologia e da educação como Piaget e Wallon, são primordiais pois ambos embasaram suas teorias, investigando o poder da interlocução entre professor-aluno e sua posterior aplicabilidade na educação. No decorrer do trabalho, Silva e Neris (2016, p.5) atentam para uma questão importante:

A relação família-escola também deve ser levada em consideração na hora de pensar em afetividade na educação, pois é na família que se tem as primeiras interações sociais, tais como: a reprodução de crenças existentes na sociedade, a descoberta da sua cultura e o modo de ver o mundo. Portanto, as interações sociais estabelecidas no seio familiar pela criança contribuirão para o desenvolvimento emocional do futuro aluno.

Diante dessa afirmação, se faz importante ressaltar que essa tríade entre família-aluno-escola é que dá abertura para que a afetividade aconteça. Essa afetividade por parte da criança é natural, contudo, o meio familiar pode facilitar ou dificultar esse envolvimento, se baseando na questão da confiança. Um ambiente acolhedor e seguro promove a afetividade e contribui para o desempenho escolar satisfatório, o contrário, um ambiente inseguro e rígido demais, pode dificultar a interação e instalar o medo, dificultando e anulando o processo de aprendizagem.

Reafirmando essa ideia, no II Conedu (Congresso Nacional de Educação) de 2015, um dos trabalhos apresentados incluiu a visão psicológica, como tentativa de pontuar a importância da relação entre professor-aluno. Nesse trabalho, através de uma metodologia de observação e entrevista, observou-se que para alguns professores, a visão da aprendizagem se restringia ao saber ler e escrever, e que não se mostravam sensíveis ou até mesmo curiosos em saber como se dava o processo de ensino-aprendizagem para aquele aluno.

Falar de afetividade, no âmbito escolar, é falar de uma relação que dependerá dos dois atores envolvidos: professor e aluno. Juntos, podem buscar a melhor forma para que a aprendizagem aconteça, fortalecendo assim, o laço humano que existe entre eles. Aprendizagem vem do olhar, do cuidado e do afeto, que se estabelece entre quem aprende e quem ensina, mas nunca existirá uma sobreposição, pois a todo instante, seja na escola ou na vida, seremos eternos aprendizes.

Conclui-se de forma preliminar, que o tema sobre a afetividade nos processos de ensino-aprendizagem, encontra uma vasta discussão no meio acadêmico, sobretudo em trabalhos que enfatizam a posição da família no processo de ensino-aprendizagem do aluno e, por outro lado, a maneira enrijecida com que a educação olha para esse fato. Sugere-se que o tema continue sendo abordado em meios acadêmicos, mas que também possa ser transformado em prática docente, como estratégia acolhedora para fomentar a aprendizagem em crianças e adolescentes, de modo especial, nas que sofrem de dificuldades/transtornos de aprendizagem.

Cláudia Luisa Brand – Psicóloga CRP 07/23072

Sobre o autor

Maria Helena subscriber

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